“Ouvidor Geral” para o jornal Primeira Edição de 03-10-2022 – Geraldo Câmara
UM SENTIDO DE FAMÍLIA
Hoje eu peço licença integralmente a vocês que durante os últimos vinte anos me acompanham neste jornal. Hoje eu preciso mudar tudo. Mudar a diagramação, só colocar uma foto, esquecer as seções que sempre acompanham o artigo principal, esquecer tudo para me lembrar que estou de luto. De um luto profundo com a perda de minha única irmã. Oitenta anos de convivência desde que ela nasceu até agora, sábado passado, quando serenamente, dormindo, sozinha, deu o seu último suspiro e se foi para a casa de Deus.
Dilsa Mara Câmara Venturinni, advogada, inteligente, mas sobretudo gente. Durante longo tempo dedicou-se a missões oficiais no Incra e depois, por muito tempo exercendo a função de “prefeitinha” da Zona sul do Rio, onde mostrou para o que foi ajudando em muito o então prefeito César Maia. Mas, nada disso interessa. O que realmente me comove é a irmã que foi, a filha fantástica amiga dos pais, a mãe que sempre amou como devia a seus dois filhos e depois a avó compenetrada e ciosa.
Amei minha única irmã como a vida me ensinou. Estive com ela em seus piores e melhores momentos com alguns hiatos normais da vida. Gostava de ouvi-la e gostava de lhe falar. Dos problemas naturais, dos filhos, dos netos, de tudo. Como ela morava no Rio, onde nasceu e se criou eu a via menos do que desejava, mas a ligação sempre foi muito grande. Não só com ela, mas com os sobrinhos, o que também ocorria ao contrário dela para nós. Muito afeita à família, tinha minha mulher Vanessa como uma verdadeira irmã e disso me orgulhava muito.
Quando penso na enorme família que construí penso sempre que a nossa geração foi tão pequena. Ela e eu, eu e ela. No mais foi realmente a nossa construção. Mas com um enorme sentido de família, o que sempre foi o relevante papel de nossos pais.
Último sábado jamais sairá de minha mente. A notícia de sua morte foi terrível. Eu já havia passado por algumas, inclusive a de dois filhos, mas ela sempre será aquela menina que chegou em minha vida nos meus quatro anos e que eu chamava de “nenén” em sua infância.
Dilsa, eu sei que você se orgulhava de seu irmão. Me acompanhava à distância nos meus escritos, nos meus programas de televisão pelo YouTube, nas minhas conquistas de trabalho e de vida. E se orgulhava. E sempre cantava em verso e prosa os feitos do seu irmão.
Vou continuar honrando sua memória; vou continuar agradecendo a você o seu apoio e o seu amor. Vou continuar lhe amando como sempre o fiz.
Até mais, Dilsa querida. Um dia nos encontramos.
N

Dilsa Mara Câmara Venturinni, uma saudade imensa que só você poderia ter construído.