CHACRINHA E EU.
No princípio da década de 60 eu já fazia televisão, no Rio de Janeiro, na área do humorismo. A TV Rio era a “Globo” da época, pelo seu carisma e pela sua audiência. E os programas de humorismo eram as “novelas” de então, prendendo os telespectadores à telinha, ainda preto & branco. Lembro-me que, às sextas feiras, eu participava à noite do grande humorístico “Noites Cariocas”, que era levado ao vivo e ensaiado no estúdio A, à tarde, pelo grande diretor Wilton Franco, já falecido. No entanto, às 17 horas, eu participava também de um programa que se chamava “No rancho de Mr. Chacrinha”, uma espécie de filme de cowboy, cheio de graça, humor e irreverência do velho Chacrinha e sua equipe. É preciso observar que os programas, na época, eram todos ao vivo. Enquanto ensaiava no estúdio A, pedi aos companheiros do programa do Chacrinha que me avisassem quando fosse entrar no ar, no Estúdio B, para que eu deixasse o ensaio de um e entrasse no outro. Não sei, até hoje, se de propósito ou não, se de molecagem do Velho Guerreiro ou não, o fato é que, de repente, olhei para o relógio e percebi que já eram 17 horas e 5 minutos. Corri para o estúdio A, olhei para o visor da grossa porta e vi que o programa já estava no ar, com todos os personagens. Só faltava eu. Bati na porta, o assistente abriu e dirigi-me ao cenário. E só então percebi que Chacrinha tinha um papel nas mãos – o roteiro – e, aos risos, o que lhe era peculiar, fazia o seu papel e lia o meu, dizendo para o telespectador: “agora fala Sheldon, o personagem de Geraldo Câmara, que só vai aparecer à noite no “Noites Cariocas”. Fiz cara de mau, puxei o revólver, enfrentei o Velho Guerreiro e disse, virando-me para a câmera: “Ah…ah… te peguei com a boca na botija! Você quer me roubar a Lindinha, não é? Mas não adiantou me prender porque livrei-me das cordas a tempo..” E com os “cacos” -cacos são textos que o ator coloca sem que estejam no roteiro original – seguimos adiante o programa, contendo os risos. Aquilo era um retrato da televisão da época, cheia de improvisos, de graça e de heroísmo mesmo.
Obs: Esta história está no meu livro “Por causos da Vida” e a estou repetindo aqui porque não entendi o porque na vida do Chacrinha levada ao ar agora pela Globo, a TV Rio, a mais importante da época foi omitida. Fica o protesto.
DESTACÔMETRO
O destaque vai para o misto de empresária e vereadora de Maceió, Ana Hora, uma mulher super dinâmica que ao lado de seu marido Ferreira Hora vem alcançando bons índices de produtividade em todo o seu trabalho.
PÍLULAS DO OUVIDOR
A TV-Rio pertencia ao Grupo de Paulo Machado, na época donos da Record em São Paulo e da TV-Rio na cidade do Rio de Janeiro. Era uma “senhora” emissora que tinha como diretor comercial o Walter Clark, posteriormente Globo.
Os programas humorísticos dominavam e eram de primeira grandeza. Roubavam audiências tanto quanto as novelas o estão fazendo ainda. Dentre eles, O Riso é o Limite, Ô Nordeste da Peste, Noites Cariocas, Rancho do Mr. Chacrinha, etc.
Chacrinha era um astro na emissora e respeitado como tal. Muita coisa do que se vê no seriado da Globo foi omitido, como por exemplo, como nasceu o bordão “Ó Terezinha”. Não foi no rádio mas na TV Rio.
O Chacrinha chamava para os comerciais que na época eram ao vivo com garotas- propaganda. A que fazia os do seu programa era uma moça alegre e bonita de nome Terezinha e irmã da cantora Rosemary. O bordão era a dica para a técnica colocar os comerciais.
Comecei minha vida de televisão na extinta TV-Rio em 1961. Fica difícil contestar o que estou contando. Até porque ela foi o berço de grandes astros, não só do humorismo, mas de novelas também. Ela e a também extinta TV-Tupi.
O declínio da TV-Rio começou com a chegada da TV Excelsior ao Rio e a são Paulo que carregou quase todo o elenco de artistas e de diretores no qual inclua-se o famoso Carlos Manga que dirigiu TV pela primeira vez na TV Rio.
Para quem se lembra, Manga era um fantástico diretor de cinema da época das “chanchadas” e dos grandes musicais carnavalescos tendo dirigido os maiores humoristas da época a exemplo de Oscarito e Grande Otelo.
Levá-lo para dirigir em televisão foi um trabalho muito árduo que teve a importante participação de Chico Anísio que o convenceu a fazer parte da criação do “Chico Anísio Show”, até hoje o maior humorístico da televisão brasileira.
A coluna de hoje ficou um tanto ou quanto saudosista, mas por uma questão de justiça não vejo como a omissão de uma emissora de televisão de tamanha importância em um seriado sobre a vida do também importante Chacrinha.
O Tribunal de Contas de Alagoas estabeleceu convênio com a Câmara Municipal de Maceió para que esta última usufrua de espaços na TV Cidadã daquele TCE. Assinaram, Kelman Vieira, presidente da CMM, Otávio Lessa, presidente do TCE-AL e este colunista, Diretor de Comunicação do Tribunal.
ABRAÇOS IMPRESSOS
Pense numa revelação de primeira ordem e conheça o trabalho deste menino de 13 anos que com sua sanfona, sua voz e sua alegria vai se tornar um dos grandes artistas deste estado. Aliás, Galeguinho do Forró já o é.