A revolução 4.0

A REVOLUÇÃO 4.0

Por Geoberto Espírito Santo

Engº, Prof. aposentado da UFAL e membro da Associação Alagoana de Imprensa – AAI

Na História, dizemos que houve uma revolução quando novas tecnologias e novas formas de ver o mundo provocaram, de forma abrupta e radical, mudanças profundas nos sistemas econômicos e nas estruturas sociais. Com foco agora na indústria, podemos dizer que tivemos três grandes revoluções industriais e já entramos na quarta.

Há cerca de 10.000 anos,antes das revoluções industriais, registramos uma revolução agrícola quando da transição da busca por alimentos para a agricultura, graças à domesticação dos animais. Essa combinação da força dos animais com a dos seres humanos transformou a produção, o transporte e a comunicação e aos poucos estimulou o crescimento da população e o aparecimento dos assentamentos que o processo de urbanização fez aparecer as cidades. Vieram em seguida três revoluções industriais, tendo como marca registrada a transferência da força muscular para a energia mecânica. A quarta, que bate à nossa parte, e em alguns países já entrou em casa, o aumento da produção humana vem por intermédio da cognição como fator de aumento da potência.

A primeira revolução industrial (1760 – 1850) surgiu pela invenção da máquina à vapor, a construção das ferrovias, o telégrafo e daí a produção mecânica, a siderurgia e a metalurgia. Uma das lições dessa época é que um fator determinante do progresso é função da extensão com que a inovação tecnológica é adotada pela sociedade. Quanto ao tempo, o tear mecanizado levou quase 120 anos para se espalhar pela Europa.

A segunda revolução industrial (1850 – 1945) foi caracterizada pela produção em massa, com o advento da eletricidade, do motor de combustão interna, do telefone e da linha de montagem. Ainda não plenamente vivenciada, pois 1,3 bilhão de pessoas, cerca de 17% da população mundial, não têm acesso à eletricidade, já nos deparamos com novas tecnologias, com a digitalização, com a próxima revolução.

A terceira revolução industrial, também chamada de “revolução do computador”, começou por volta de 1960 com o aparecimento dos mainframes. O desenvolvimento dos semicondutores também impulsionou a computação pessoal nas décadas de 70 e 80, as telecomunicações, aparecendo a internet na década de 1990. Mesmo que governos, instituições públicas e privadas façam as suas partes, a velocidade das mudanças amplia a defasagem dos benefícios para a sociedade, haja vista que atualmente 4 bilhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população mundial, não tem acesso à internet.

Podemos afirmar que a quarta revolução industrial bateu à nossa porta na virada do século e sua característica é digital, com uma internet móvel, sensores menores, mais velozes, mais poderosos, mais baratos e a inteligência artificial com o aprendizado na própria máquina. A “indústria 4.0”está presente nas feiras internacionais mostrando que as “fábricas inteligentes” já personalizam produtos e criam novos modelos operacionais numa fusão de tecnologias e interação com os mundos físicos, digitais e biológicos. Essa revolução vai mais além, invadindo áreas da nanotecnologia, da robótica, da genética, da internet das coisas, das redes elétricas inteligentes em cidades inteligentes.

As grandes questões que ficam é se teremos formas coerentes e positivas de descrever os desafios e as oportunidades que ocorrerão com as mudanças nos nossos sistemas econômicos, sociais e políticos e se teremos lideranças capazes de repensá-los para que a sociedade se aproprie dos benefícios dessa quarta revolução sem criar um fosso ainda maior na desigualdade hoje existente.

 

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s